O RAPAZ DAS ILHAS

Apesar de adorar Lisboa, penso muito se será uma cidade para gente – considerando que quem não tem 900 euros para dar todos os meses por um T1 é gente, claro. Está mais linda que nunca para quem a visita e "assombrada" para quem nela quer viver. "Queres viver em Lisboa sujeita-te ao que há ou procura noutro lado", dizem alguns tipos. Bom, na realidade há casos, como o meu, que nem se trata de ser um luxo, mas quase uma obrigação, dado o que faço. Estudo cá. Sim, podia ir para Loures, Amadora ou Margem Sul, e em breve poderá mesmo acontecer, mas antes de viver cá fui turista e também me apaixonei por esta cidade, hoje posso dizer que gosto quase ou mesmo tanto dela como um genuíno alfacinha, e tenho pena se tiver que a abandonar. Tudo bem que esses "subúrbios" sejam já aqui ao lado, mas não são Lisboa. 

A Madonna, mais uma de nós – tão pobre que até o presidente da Câmara e a Ministra da Administração Interna a receberam, não vá ela ficar aí a dormir na rua sem necessidade – diz que é difícil procurar casa em Lisboa, coisa que nós não sabíamos, por isso há até quem já esteja a oferecer um quarto no próprio apartamento para ela poder ficar. É o caso da Ana Garcia Martins, como se pode ler na carta aberta que lhe escreveu: 

"Por isso, Madonna, eu percebo-te. E, se precisares, ainda te oriento um quartinho lá em casa nestes primeiros tempos, que isto de chegar a uma cidade nova e não conhecer ninguém, é uma chatice. Ficas lá com os miúdos (não todos, escolhe só dois ou três) e não se fala mais nisso. Nem sequer te cobro nada, que por alguma coisa me chamam "a mais doce". Também tenho uma amiga na Remax, muito jeitosa, acho que tem uma vivenda em Mem Martins que está dentro do teu budget. Se precisares é dizer." 

O artigo é bastante sarcástico, mas relata a realidade de milhares de pessoas. E devem mesmo lê-lo aqui.