Ainda não o li, mas já tenho qualquer coisa para contar!
Cruzei-me com este livro na semana passada e chamou-me à atenção. Vencedor de um prémio que há-de ser muito importante, mas não conheço, com prefácio de Nuno Markl – um respeitável humorista –, de um autor que também nunca tinha ouvido falar, mas com um título que me despertou interesse. “O El País e o The New York Times falam bem disto, portanto valerá a pena ler as primeiras páginas”, foi o que pensei e fiz. Depois procurei mais qualquer coisa no Google e fiquei convencido a comprá-lo, mas não o fiz. Estás a pensar “mas este gajo precisa de fazer tanta pesquisa assim para comprar um livro?”. Sim, sou daquelas pessoas que compram um livro ou um bilhete para o cinema como se de uma casa se tratasse – vá, também não sou assim tão picuinhas e ridículo. Hoje fui à procura dele e já o tenho.
Ainda não comecei a ler, até porque primeiro tenho que acabar outro que vai a meio, mas já li a biografia do autor, John Kennedy Toole, que vem na primeira orelha – sim, o nome técnico é mesmo esse – e é um exemplo do que não fazer. É esse o principal motivo deste post. Para além, claro, de anunciar que tenho um novo livro, que é um clássico da literatura norte-americana, e que sou um tipo muito culto e tal.
A estar vivo, Kennedy Toole tinha hoje 81 anos, mas o autor suicidou-se aos 32, depois de nenhuma editora ter aceitado publicar os seus dois primeiros romances.
Com a morte do autor, a mãe não desistiu de tentar publicar o livro e conseguiu. A obra tornou-se o sucesso que é e infelizmente o autor não estava cá para dar autógrafos, entrevistas e poder gozar a vaidade do seu reconhecimento.
A dedicação e persistência são valores tão importantes quanto a calma para chegarmos onde queremos. É possível. É preciso tentar, falhar, falhar, falhar e finalmente conseguir. “Já, falhei, vou falhar e voltar a falhar, mas vou conseguir”, sem deslumbramentos e ilusões tem que ser este o pensamento ou estamos fo…lixados.
Passei por aqui só para vos dar uma palavrinha de motivação, não querendo, de forma alguma, tirar o lugar ao Gustavo Santos. A vida não é linear. Nem sempre conseguimos ter uma mansão, com dois ou três cães de raça, dois Ferrari na garagem, uma empregada, muito dinheiro e contratar os U2 para animarem a nossa festa de aniversário. E ainda bem, porque a vida não é isso. É preciso sermos sacanas com ela, por vezes frios. É preciso percebermos que, tendo respeito por todos, nem todos servem para nossos amigos. É preciso saber virar o barco para Oeste quando o vento não permite avançar para Norte. Acreditar que a vida será mesmo como a desenhamos é caminhar a passos largos para o precipício, ela vai colocar-nos muitas tempestades e não é por isso que vamos deixar o barco afundar só porque não queremos mudar de direção, certo? Por vezes até é preciso aguardar uns dias ao largo do porto até conseguir atracar. Acredito que há tanto para desfrutarmos quando chegarmos a terra, mas temos que saber aguardar. E depois a vida será sempre assim? Claro que não, depois temos que voltar novamente ao mar e procurar novos destinos. Isto é uma aventura, não é suposto sermos comodistas e pararmos num só lugar. Até porque a vida não permitirá.
Dedicação, persistência e calma. Tudo o que é preciso.
Quando acabar de ler a história, que será certamente mais feliz que a do próprio autor, falo-vos sobre ela. Mas não dou prazos para isso, atenção!