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O RAPAZ DAS ILHAS

12
Mar18

“Não vais conseguir, nem vale a pena tentares!”

DIREITOS RESERVADOS

 

Para além de estudar no ISCSP durante o dia e à noite na World Academy, ainda consigo assistir a uma conferência aqui e um debate ali de quando em vez. Até porque é movimento que se quer, estar parado é aborrecido e faz com o cérebro ganhe gordura – estou a delirar. Ontem participei na Jornada da Comunicação (“Os media, por quem sabe”), promovida pela ETIC.

 

Gosto e tenho muito que aprender, aliás foi por isso, e não só, que vim para Lisboa. E nada mais motivador que ter os melhores a ensinar.

 

Foi um dia em cheio, a ouvir quem sabe realmente falar de rádio, televisão, imprensa e digital e tem provas dadas. Do CEO da RTP, Gonçalo Reis, a uma das mais cómicas Youtubers, Bumba na Fofinha (Mariana Cabral), passando pelo locutor que nos faz companhia nas manhãs, Pedro Ribeiro, pelo pivô mais visto ao domingo, José Alberto Carvalho, pelo autor da famosa frase “O que dizem os seus olhos?”, Daniel Oliveira, entre muitos outros profissionais de excelência da comunicação portuguesa. Do debate sobre o serviço público e privado de televisão, aos exemplos e conselhos de como entrar no mercado atualmente.

 

O futuro não está longe. Numa era em que a tecnologia se impõe, falar de futuro pode ser falar de amanhã, literalmente. A partir de 2020 os carros de gama média passarão a emitir rádio por html, começaremos assim a assistir ao fim da transmissão de frequências FM em automóveis, as rádios terão mais uma grande prova de resistência. Mas se nem quisermos avançar tanto, nos dias de hoje uma empresa que não tem um único produtor ou jornalista, nem grande controlo de conteúdo, o Youtube, fatura milhões e obriga a televisão a reinventar-se, os jornalistas e apresentadores de tv são obrigados a ter uma presença digital forte ou correm o risco de não serem aceites já daqui a poucos anos. O mercado não está e muito menos estará daqui por uns poucos anos disposto a receber profissionais razoáveis ou bons, será necessário ser-se muito bom para entrar – e é aí que eu devia descer à Terra e perceber que o melhor é ir vender bolas de Berlim.  

 

Pode ser assustador ou desmotivador para os que ambicionam ser apresentadores, seja de rádio ou tv, no futuro – como eu, embora ainda motivado –, mas a verdade é que não se pode acreditar no emprego para a vida toda ou numa carreira de sucesso numa única estação. Fazer muitas coisas e em vários “lados” é o futuro, que já vai chegando.

 

Há também um desafio cada vez mais urgente: conseguir passar ao público desinformado a importância de ler, ver e ouvir notícias e saber filtrar o bom do que aparece na net sem autor, critério e fonte. É assustador, e isto sim, quando se ouve resultados de estudos que indicam que população norte-americana entre 20 e 30 anos se considera informada apenas com as notificações de órgãos de comunicação social no Facebook. Pior, lendo títulos ou duas linhas introdutórias já se sentem capazes de formar opiniões.

 

Pessoalmente, talvez um pouco sonhador, mas acho que a regulação do que se cria e publica na net é urgente. A aldeia global neste momento vive dois modelos extremos: por um lado uma anarquia, todos podem fazer o que querem, e por outro uma ditadura, há uma empresa que controla tudo, o Google. No fundo, é de democracia que a net precisa. Não podemos continuar a ter sites de notícias, que na realidade não são órgãos de comunicação social, nem são nada, a ferir o verdadeiro jornalismo e fazer com que o público acredite em notícias muitas vezes falsas.

 

Foi falado, na Jornada da Comunicação, de tudo o que escrevo acima e de muitos outros temas desafiantes para o jornalismo e comunicação do futuro. E se a realidade e futuro são duros, ainda continuo a acreditar que um dia chegarei a algum lado nisto. Até porque trabalho melhor sob pressão, portanto porque não acreditar? E se não chegar? Nos Açores vaquinhas felizes precisam de ser criadas e bem tratadas e por cá (Lisboa) a Primark e o Mc Donalds estão sempre a precisar de alguém. Não se preocupem que não morrerei de frustração ou tristeza. Na verdade é o que penso sempre que alguém diz, quase sempre de forma subentendida “não vais conseguir, nem vale a pena tentares!”. O curioso é que na maioria das vezes isto é dito por pessoas com ainda menos experiência que eu ou que nunca perceberam muito bem qual o seu caminho e vivem, como é que posso dizer, frustradas, entendem?

 

No fundo, todos sabemos, independentemente da área em que estejamos, que chegar onde se quer muitas vezes não é possível. E isso é tão bom. Se um dos maiores lutadores de sempre pelos direitos humanos, Nelson Mandela, dizia que “tudo é impossível, até que faças acontecer”, porque é que alguém que só quer ser jornalista, escritor, gestor ou advogado não há-de acreditar? A ideia aqui é termos sempre presente a regra dos 3 f´s: força, foco e fé. 

 

Posso daqui por uns anos ser um perfeito exemplo de insucesso, ainda assim serei um falhado que sempre foi convicto, o que já não será nada mau.

 

Hoje não passei por cá para vos contar uma pseudopiada, nem para vos ensinar sobre comunicação ou jornalismo, que não tenho estaleca para isso. Não vos vim acrescentar grande coisa ao dia, mas partilhar com os que como eu, a quem chamam sonhadores, a ideia de que talvez até seja possível concretizar esses objetivos – gosto mais de lhes chamar assim. E os que não acreditam em nós? Então, precisaremos deles para alguma coisa a não ser para dizer que conseguimos, no dia em que isso acontecer? É acreditar e trabalhar, malta!

 

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Publicado por Rodrigo Pereira em Domingo, 27 de Maio de 2018

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